quarta-feira, 28 de setembro de 2011

HÁ VAGAS PARA RAPAZES DE FINO TEATRO NO TEATRO DONA CANÔ


A peça “Há vagas para rapazes de fino trato”, mais nova montagem d’OPECADO sobe ao palco do Teatro Dona Canô na cidade de Santo Amaro para participar do Festival de Teatro Anísio Teixeira, dia 1º de Outubro às 20h. O espetáculo, cuja estréia ocorreu em fevereiro no Cine Teatro Vitória esteve em cartaz recentemente no Centro de Cultura de Valença e segue temporada no próximo final de semana em Porto Seguro.

A peça se desenvolve a partir do encontro entre Paco e Tonho, dois rapazes sem qualquer afinidade aparente, que passam a dividir um mesmo quarto de pensão em Salvador. Tonho é o moço sonhador que deixará Santo Amaro para realizar seus sonhos na capital; Paco é o soteropolitano porra-louca, desencantado e perturbador. Num jogo de estranhamento versus sedução, dominação vs. cumplicidade, esperança vs. desengano, os personagens se envolvem numa trama tensa que ora os polariza, ora os aproxima.

Livremente inspirado em Dois Perdidos Numa Noite Suja, de Plínio Marcos, Há Vagas para Rapazes de Fino Trato resgata e dá novos contornos psicológicos à dupla criada pelo dramaturgo, vivida nesta montagem por Adriano Pereira (Teatro Nu) e Cadu Oliveira (Geração Coca-Cola), que também assina o texto. O espetáculo é dirigido por Juliano Britto.

A produção conta com o apoio do projeto Cessão de Pautas Gratuitas – Espaços Culturais Secult, iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, que em setembro contempla atividades relacionadas à diversidade sexual.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Noticías da Casa de Maria


OPECADO está se ampliando, com novos integrantes e novas funções tal qual havíamos combinado. Sua casa, onde nos reunimos tantas vezes, se tudo der certo, continuará sendo a casa do encontro, da cultura, dos artistas, o Centro Cultural MACRO (Maria Cláudia Rodrigues). Um novo grupo está remontando Teatro Nu e muitas coisas boas estão por acontecer. Que sua lembrança seja o combustível para continuarmos trilhando novos caminhos.
Até a vitória, sempre...
(Adriano Pereira
Carta aberta a Maria Cláudia
13 de maio de 2011)


Após a pré-inauguração ocorrida em 15 de Julho da Casa De Cultura MACRO, situada na Praça Barão do Rio Branco, bairro de São Felix em julho deste ano, inúmeras foram as reuniões e encontros promovidos na “Casa de Maria”.

Como atividade de formação, registramos a Oficina de Inspiração Teatral. Iniciada em setembro, a oficina que ocorre aos sábados, das 9 às 12h, ministrada por Suelma Costa (Amêsa, No outro lado do mar) conta com a participação de atores e atrizes da cidade de Valença.

“Há vagas para rapazes de Fino Trato”, espetáculo produzido pel’OPECADO participa agora em Outubro da Mostra Fernando Neves em Santo Amaro e uma breve temporada em Porto Seguro.

Em processo de re-montagem, com uma nova leitura e novo elenco está Teatro Nu, cujos ensaios ocorrem também na MACRO.

Um cine clube com vasta programação está em vias de formação, além do projeto “Deixe a sua marca” onde estamos convidando diversos artistas para deixarem suas marcas e obras nas paredes da MACRO.

O espaço ainda irá oferecer uma galeria para exposição de artes visuais, palco para pequenas encenações e comercializará livros e obras de arte.

Compreendendo a importância da preservação do patrimônio material, pretende-se realizar pequenas intervenções e reformas necessárias, mantendo a estrutura inicial da casa, promovendo uma recuperação e revitalização do espaço transformando-o num centro integrador, difusor e gerador de cultura em Valença.

Assim, agradecemos aos que já colaboram, convidamos a todo/as para conhecerem o novo espaço e convocamos artistas, amigos e amigas de Maria para neste domingo, 25/09, realizarmos um mutirão de pintura da frente da casa.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Peça Há Vagas Para Rapazes de Fino Trato abre temporada de circulação pelo estado com uma apresentação única no Centro de Cultura de Valença


A mais nova montagem d’OPECADO sobe pela primeira vez ao palco do Centro de Cultura Olívia Barradas no dia 17 de setembro, às 20h. O espetáculo, que estreou no Cine-Teatro Vitória em fevereiro deste ano, volta à cena valenciana antes de seguir para uma curta temporada em Porto Seguro e participar de festivais em Santo Amaro e Salvador.
A peça se desenvolve a partir do encontro entre Paco e Tonho, dois rapazes sem qualquer afinidade aparente, que passam a dividir um mesmo quarto de pensão em Salvador. Tonho é o moço sonhador que deixa a sua Valença para realizar seus sonhos na capital; Paco é o soteropolitano porra-louca, desencantado e perturbador. Num jogo de estranhamento versus sedução, dominação vs. cumplicidade, esperança vs. desengano, os personagens se envolvem numa trama tensa que ora os polariza, ora os aproxima.
Livremente inspirado em Dois Perdidos Numa Noite Suja, de Plínio Marcos, Há Vagas para Rapazes de Fino Trato resgata e dá novos contornos psicológicos à dupla criada pelo dramaturgo, vivida nesta montagem por Adriano Pereira (Teatro Nu) e Cadu Oliveira (Geração Coca-Cola), que também assina o texto. O espetáculo é dirigido por Juliano Britto.
A produção conta com o apoio do projeto Cessão de Pautas Gratuitas – Espaços Culturais Secult, iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, que em setembro contempla atividades relacionadas à diversidade sexual.
Parte da bilheteria será revertida para o Projeto Casa de Cultura Maria Cláudia Rodrigues – MACRO, espaço de formação e produção em arte e cultura situado na casa onde viveu a atriz e poetisa falecida em março deste ano.

Ficha Técnica
Elenco: Adriano Pereira e Cadu Oliveira
Direção: Juliano Britto
Texto: Cadu Oliveira
Operação de som e luz: Geilson Britto

Serviço
O que: Espetáculo teatral Há Vagas para Rapazes de Fino Trato
Onde: Centro de Cultura Olívia Barradas – Valença/BA.
Quando: 17 de setembro de 2011, sábado, às 20h.
Quanto: 10 (inteira) e 5 (meia / antecipado)
Realização: OPECADO

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

VALENÇA: UM PROBLEMA DE SEGURANÇA OU EDUCAÇÃO?


“deixa, deixa eu dizer o que penso dessa vida
eu preciso demais desabafar”
(Marcelo D2)

Tinha prometido pra mim mesmo que ia procurar falar/escrever menos esse ano, por que estou preferindo agir. Pouco faz, quem muito fala – diz a sabedoria popular. Mas tem horas que não dá. Aí a gente tem que parar e refletir um pouquinho. Berrar pra acordar os que parecem estar dormindo. Jogar pedras, não pra quebrar vidraças, mas para dizer: - Ei, acorda!
Em meio a guerra nada particular que vivemos, entre balas perdidas, assaltos nas esquinas e o clima de terror em cada parte, fica difícil caminhar na cidade, mas a gente vai tentando, vai levando, vai vivendo...
Sexta-feira, 10 da manhã, to eu saindo do Palácio de Mármores, sede da Prefeitura Municipal, onde estávamos discutindo os preparativos para a Conferência Territorial de Juventude. Aí, na descida, ouço um carro buzinar, olho pra trás e é um dos sobrinhos da política valenciana, desses que morrem de saudade e amor por Valença, mas não o suficiente para aqui residir. Por uma questão de educação, não me peçam para revelar o nome do sujeito.
O sujeito é meu amigo e, sem querer bancar o politicamente correto em moda, gosto dele, há anos somos amigos e nos respeitamos. O sobrinho me diz que não vem à Valença fazer política, até por que já tem muitos parentes envolvidos. Mas inevitavelmente me pergunta sobre as próximas eleições. Aí eu declarei na lata: - meu candidato é Martiniano, para acabar com o racismo nessa cidade!
Claro que até o próprio Martiniano vai achar um exagero. Afinal ainda vivemos um racismo velado e ninguém vai se admitir racista, imagina uma cidade... E, mais a mais, ele está tão entranhado que vai ser preciso superá-lo inclusive entre companheiros, para daí então construir-se uma campanha com raça e cor da maioria da população valenciana, coisa que está muito longe de acontecer, embora não impossível.
Difícil, inclusive, por que o racismo é primo-irmão do preconceito, onde desqualifica-se as posições divergentes, sob o argumento presunçoso e um certo ar de superioridade onde estes (os superiores) simplesmente não perderão tempo dando importância a idéias tão absurdas.
Aos que assumem o risco de realizar a auto-crítica é reservado o paredão. E, sabemos, o fogo-amigo mata mais do que o inimigo. Como cantou Fred 04 “é bom rezar todo dia para não virar alvo de uma missão humanitária aliada”.
Segunda-feira, chego em casa tentando almoçar e a sirene invade o silêncio anunciando pelo rádio os números de mais uma mega-operação no bairro da Bolívia: 04 presos com armas de fogo, 3 menores e um maior. Aí resolvo fazer uma pesquisa nos meios de comunicação de nossa cidade que serve apenas para reafirmar o que ouvi nos dois últimos eventos públicos que participei (a Conferência Municipal de Juventude e o APLB debate o bairro da Bolívia): Morrem ou são violentados cotidianamente em Valença jovens negro/as na sua maioria do bairro da Bolívia.
Não precisa ser nenhum especialista. Basta cruzar os dados e os números se tornam muito claros, ou melhor, com o perdão do trocadilho, escuros. Aí faz todo o sentido o racismo ao qual eu me referia acima e que as velhas oligarquias brancas, preocupadas apenas com sua segurança e acumulação agora ameaçam ir ás ruas para cobrar do Governador Wagner mais segurança, que significa mais policiais e todo o aparato repressivo para prender pretos e pobres que sem emprego e perspectivas abusam das drogas.
Mais segurança! – gritam! Mas nenhuma palavra sobre as suspeitas de corrupção que já começam a pairar sobre as obras do PAC na Bolívia. Nenhuma palavra em defesa do campus da UFRB em Valença, no bairro da Bolívia, como defendeu a presidente da APLB. Nenhuma palavra sobre o mutirão por mais emprego que emprega mais papéis e sobrinhos e se orgulha de ter gerado 82 empregos formais em abril quando o nosso desempregado passa da cifra das centenas. Nenhuma palavra sobre a situação de abandono em que se encontra a Escola Eraldo Tinoco. Nenhuma palavra sobre o fechamento da Escola Clemenceau Teixeira – escolas que eram do Estado, mas passaram a ser administradas pelo município.
Agora, que o governador vem à Valença, os mesmos insuflam os valencianos para irem às ruas clamar por mais segurança. Não estranhará também que recorram também á velha cantilena de reativação do aeroporto. Instrumento importante, mas que até hoje não funciona por que foi feito de forma mal planejada e aceito pelas oligarquias como um grande presente em gestões passadas.
Falta vontade política! – vão dizer, por que não aceitam que a Bahia de Todos Nós governe para quem mais precisa inaugurando uma escola de ensino médio no Orobó.
É a mesma direita perversa que defende “direitos humanos para humanos direitos” por que não conseguem conceber a diferença... São anos acumulados de um racismo e, por que não dizer, machismo, já que como exemplificava o professor Joélio a toda uma geração a carga que sofre no Brasil uma preta velha.
Dói, ainda mais, constatar que nas “terras do Una”, parodiando a Morte e Vida Severina, nossas pretas morrem “de velhice antes dos trinta/ de tiro antes dos vinte/ de fome um pouco por dia”.
Mas, como cantou outro poeta “são quase todos pretos/ ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres/ e pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos” (...)
Mais segurança! – gritarão, por que dentro dos seus carros, fechados com ar condicionado, ou entre muros, não conseguem enxergar nem caminhar por uma cidade arrasada por um gestor irresponsável que não vê além dos limites do seu nariz de Pinóquio.
Felizmente, a mentira tem pernas curtas. Com educação, escreveremos uma nova página na história de uma cidade “nunca vencida”.
Ou como finaliza D2 “deixa pra lá, eu devo tá viajando/ enquanto eu falo besteira nego vai se matando...”


Valença, 2 de Setembro de 2011
Adriano Pereira