sábado, 4 de abril de 2020

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

X PÓ-ÉTICA



Um poema pode ser contido
Não dito, maldito, bendito
Não lido, esquecido, reprimido
Entretanto, com ou sem pranto
Bastará olhar ao redor
A poesia não é só pó
E será vista na árvore em flor
Ou num simples beijo de amor
Sol nascente ou poente
Com fé, a vida segue em frente.

sábado, 16 de julho de 2016

Elegia para "Bertholletia Exelsa"


Elegia para "Bertholletia Exelsa"
(Soneto a Quatro Mãos para uma Castanheira Rara)

Adriano Pereira & Ricardo Vidal

Do meio, bem no meio da feira,
Avistava-se a castanheira
Do novo e largo horizonte.
Ela estava ali, após a ponte.

A castanheira, antigo marco,
(Que nem as águas de março
Ousavam-lhe sequer perturbar)
Por descuido humano, iria tombar.

Cairá como um vivo monumento,
Como mistério ainda irresolvido.
Cairá sem cometer um delito.

Cairá altiva, até o último momento.
Mas a quem a culpa cairá com certeza?
No gestor descuidado ou na natureza?

quarta-feira, 27 de abril de 2016

MAQUINANDO



Triste, quase depressivo
Quando às margens do Paraguaçu
Um pato me deu um pito:
- Que há poeta? Não nasceste nu?
É preciso romper as fronteiras
Fincar novas bandeiras...
Cruzando a ponte
O trem abriu novo horizonte.

Cachoeira, setembro de 2014

terça-feira, 29 de março de 2016

Poesia da Geografia Cachoeirana


Para o poeta João de Moraes Filho


Desponta no horizonte
Rio correndo sobre a ponte
Um farol encanta
Árvore repleta de garça branca.

Se recôncavo reconhece-se na feira
Felizes são São Félix, Cachoeira
Tal como rio correndo
Sol e sonho se pondo, nunca morrendo.

Paro na estação
Trem a ritmar o coração
À esquerda a Conceição do Monte

À direita, o jardim, a grande fonte
Largo d’Ajuda, Faquir
Boa Morte, com sorte, descanso eterno no Morumbi.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

ELEGIA



Da castanheira
da jaqueira
da goiabeira
da mangabeira
da amendoeira
da pitangueira
da laranjeira
da aroeira
da gameleira
da graxeira
da amoreira

do jambeiro
do tamarineiro
do dendezeiro
do abacateiro
do jasmineiro

todas as árvores
eram sinais
de gente morta

de quando os homens
pensavam:
era preciso semear
des_gentificando
desertando
deserto
de certo
brotou flor
floresceu
cresceu
e não morreu.


poema de Adriano Pereira sob foto de Antônio Marinho

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

SONETO + PÓ DE SER CENTRO



Ainda tento
Voltar ao centro
Escrever o mais belo poema
Cuja lida valha a pena.

Inspira-me a lembrança
Do tempo que era criança
Procuro o centro antigo
Mas ele perdeu-se sem sentido.

O centro tá deslocado
Sujo, feio, mal cuidado
Na calada da noite corre-se risco, assalto.

Na antiga rua direita, hoje calçadão
Agoniza um antigo casarão
Pó de ser, flor rachando o asfalto.